Além de permitir o acesso a equipamentos modernos para diagnósticos mais precisos, o avanço tecnológico oferece outros benefícios para empreendimentos da área da saúde. Prontuários virtuais, monitoramento de pacientes à distância e rápido compartilhamento de resultados de exames são alguns exemplos de inovações que trazem agilidade e melhoram a produtividade do trabalho médico. E para que o tráfego dessas informações digitais seja sempre seguro e eficiente, é fundamental um bom sistema de cabeamento estruturado.

PARTICULARIDADES HOSPITALARES

Existem, basicamente, duas características que diferenciam o cabeamento estruturado de um hospital do sistema instalado em outros empreendimentos. A primeira diz respeito à eficiência do projeto. “Quando falamos da área da saúde, estamos lidando com vidas humanas. Logo, a qualidade dos materiais empregados, bem como a execução do sistema, deve apresentar o máximo de zelo possível. Tudo deve ser feito seguindo perfeitamente as normas vigentes para evitar quaisquer tipos de problemas”.

Já o segundo aspecto que deve ser considerado é o tamanho das informações que trafegam pela rede. “O projeto na área de saúde exige bancos de dados cada vez maiores, por exemplo, uma imagem de Raio X tem em torno de 1 Mb, mas para um estudo típico se utiliza cerca de 2 mil imagens”, informa Serafim. Outro quesito importante é a correta blindagem da instalação para evitar a interferência eletromagnética, que atrasa as respostas do sistema e deixa a rede lenta.

CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA

Em cada setor do hospital, existem detalhes específicos que o sistema tem que atender. “Para definir os principais cuidados em relação à instalação, é preciso analisar qual o objetivo da área hospitalar. Podem ser áreas administrativas, consultórios e locais com equipamentos para exames. Devem ser considerados fatores como o tamanho do empreendimento e quais especialidades serão atendidas, entre outros”, enumera Serafim, mencionando sistemas variados, como circuito fechado de segurança e controle de acesso, que também demandam atenção especial.

Exemplo de cuidado singular no projeto de cabeamento estruturado tem relação com ambientes úmidos. “Nesses casos, a instalação deve ser tratada de maneira diferente para evitar a oxidação no conector tipo RJ-45”, é sempre necessário manter o comprimento máximo do cabo de rede em até 100 m para cada ponto de dados. “Isso considerando que os patch cords (tipo de cabo) utilizados na instalação devem ser somados nesse comprimento, conforme TIA568 vigente”.

SOLUÇÕES

A solução mais adequada e empregada no exterior é o cabeamento 7A, com tomadas que possam compartilhar os pares de cabos para simplificar as instalações e diminuir o custo para o usuário. “Mas, devido aos requisitos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), isso ainda não é autorizado no Brasil. Assim, ficamos restritos aos cabos e tomadas da categoria 6A blindados”,  o cabo Cat 6A é mais rigoroso no quesito crosstalk –interferência gerada pelos pares vizinhos.

Tanto nas novas instalações quanto nas reformas, não devem ser utilizados cabos e tomadas de categorias baixas (Cat 5 ou Cat.6 e fibras OM1 ou OM2). “Essa opção deixou de ser recomendada por não suportar a velocidade demandada na atualidade”,  também colocando os cabos que não sejam LS0H na lista de materiais que devem ser evitados. Os cabos devem ser resistentes à chama, sob condições simuladas de incêndio, livres de halogênios e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos e corrosivos.

NORMAS TÉCNICAS

O Brasil já conta com a norma de cabos ABNT NBR 14.565 — Cabeamento estruturado para edifícios comerciais e data centers —, e de caminhos e espaços ABNT NBR 16.415 — Caminhos e espaços para cabeamento estruturado. “Há ainda os documentos americanos, como a ANSI/TIA 1179, e a internacional ISO/IEC 14763-2. Também deve ser adotado o manual da BICSI-004”.